sábado, fevereiro 28, 2009

DEUS PROVAVELMENTE (NÃO) EXISTE

A estupidez humana não cessa de me espantar. Leio na imprensa [do dia] que uma associação "humanista" da Grã-Bretanha lançou em Londres uma campanha pública para defender a provável inexistência de Deus. A idéia foi escrever nos ônibus da cidade duas frases de arrasadora profundidade filosófica: "Deus provavelmente não existe. Por isso, deixa de te preocupar e aproveita a vida".
A tese espanta, não apenas pela infantilidade que a define --mas pela natureza ilógica que a contamina. Se Deus não existe, haverá necessariamente motivos para celebrar?
Os mais radicais "philosophes" do século 18 concordariam que sim. O próprio projeto iluminista, na sua crítica à instituição religiosa como autoritária e obscurantista, defendia que a libertação dos Homens passava pela libertação do divino. Nem todos os "philosophes" eram ateus, é certo: Rousseau ou Diderot, impenitentes "deístas", não são comparáveis a La Mettrie ou Helvétius. Mas o iluminismo continental abriria a primeira brecha na cultura ocidental, ao retirar a Fé do seu trono e ao coroar a deusa Razão.
Foi esse gesto primordial que tornaria possível as devastadoras críticas posteriores do trio maravilha (Feuerbach, Marx e Freud). Deus criou os Homens? Pelo contrário: Deus é uma criação dos Homens por razões várias e todas elas racionalmente explicáveis.
Os Homens criaram Deus por temerem a sua própria mortalidade (Feuerbach). Os Homens criaram Deus por contraposição às condições materiais das suas existências precárias (Marx). Os Homens criaram Deus por puro sentimento de culpa: parricidas arrependidos, eles buscam ainda uma autoridade perdida; Deus é o "fétiche" infantil de quem se recusa a viver uma vida adulta (Freud).
Infelizmente, aparece sempre alguém para estragar a festa. Falo de Doistóievski, claro, disposto a contrariar o otimismo liberal da burguesia russa oitocentista, para quem Deus era um empecilho de modernidade. Pela boca de Karamazov, Dostoiévski formularia a pergunta que Feuerbach, Marx, Freud e também Nietzsche se recusaram a enfrentar: e se a ausência de Deus significa também a ausência de qualquer limite ético para a ação humana?
Essa possibilidade seria confirmada no século seguinte: um século devastado por grandes construções coletivistas, utópicas e rigorosamente atéias que libertaram um fanatismo e uma crueldade indistinguíveis do fanatismo e da crueldade das antigas religiões tradicionais.
Quando os Homens não acreditam em Deus, eles não passam a acreditar em nada; eles acreditam, antes, em qualquer coisa, como dizia profeticamente Chesterton. Antes de festejarmos a provável inexistência do barbudo, convém saber o que essa coisa será.

[Texto de João Pereira Coutinho, na “Folha de S.Paulo”, em 26 de janeiro de 2009]

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

SEGURANÇA

O que você entende por SEGURANÇA?

A palavra SEGURANÇA tem sua origem no Latim e seu significado é "SEM PREOCUPAÇÃO" a etimologia sugere o sentido: "OCUPAR-SE DE SI MESMO". Para Thomáz de Aquino (Século XIII), o sentido de "UM MAL A EVITAR" tomou maior importância e daí vem os sentidos de "ausência de risco", "previsibilidade" e "certeza quanto ao futuro".

Quer me parecer que qualquer que seja o significado, o termo "SEGURANÇA" adquiriu uma importância ainda maior com a Globalização. O investimento em SEGURANÇA é a maior fatia de qualquer governante. A população clama por segurança. Estamos sendo ameaçados a todo instante. A grande verdade é que ninguém está vivendo "SEM PREOCUPAÇÃO".

Quando tiver oportunidade, dê uma olhada nos índices de crescimento e lucratividade do setor de produtos de segurança, você certamente vai ficar espantado. O setor tem crescido de forma ASSUSTADORA...É...o termo mais adequado é esse mesmo: ASSUSTADOR!

Pelo jeito, Thomaz de Aquino estava certo, temos que nos acostumar VIII séculos depois de Aquino, a viver cada dia tentando "EVITAR O MAL", acho que vamos ficar neuróticos rapidinho!!

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

CRISE, CRISE, CRISE....

Só ouvimos falar em crise nos últimos meses. Encerramos 2008 e iniciamos 2009, ouvindo sobre crise, quebradeira geral das empresas e algumas instituição financeiras Americanas que antes apareciam como verdadeiras "Torres Inabaláveis". Imaginem há 10 anos atrás falar em quebra de Instituições como o Citibank ou General Motors? Impensável não é verdade? No entanto, aqui estamos nós, pobres mortais. Assistimos as "Torres Inabaláveis" irem literalmente para o chão.
Albert Einsten foi um dos maiores gênios da humanidade e olha só o que ele deixou como legado para interpretarmos o que chamamos de "crise":
A crise segundo “Einstein”:

“Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos.

A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar superado. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que às soluções.

A verdadeira crise é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um.

Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la”
Muito bom...