sexta-feira, maio 29, 2009

UM EVENTO INUSITADO!!!!

Não tenho outra frase melhor pra definir uma série de debates que tive o prazer de participar no dia de ontem (28/05/09) no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná.
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O EVENTO - Seminário Ciência, Religião e Desenvolvimento Geografia, Religião e Desenvolvimento
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O inusitado se caracteriza por alguns aspectos marcantes, se não vejamos: a UFPR é um marco de pesquisa científica dos mais importante deste país, quanto a isso não paira dúvida nenhuma. Também não paira dúvida nenhuma acerca de que estamos falando aqui de uma das Instituições que mais preservaram o laicidade como traço marcante em sua trajetória. Se não bastasse as evidências acima, o que de fato chamou muito a atenção foi a inclusão da Religião num Seminário que trata de Ciência e Desenvolvimento, promovido pelo Departamento de Geografia. O responsável pela "façanha", foi o Prof. Dr. Sylvio Fausto Gil Filho a quem parabenizo pela ousadia.
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Eu tive que conferir, afinal, como estudioso de Religião, não dá pra perder oportunidades como essa. Fiquei muito impressionado com o que ouvi, por parte dos acadêmicos convidados. Pontos de vistas diversificados. Experiências riquíssimas e o reconhecimento de que a ciência tem o seu limite e que a contribuição da religião é fundamental para construir um Desenvolvimento Sustentável.
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Valeu a pena!! Parabéns a todos os organizadores e a todos os debatedores que relaciono abaixo:
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Prof. Dr. Luis Lopes Diniz Filho (DGEOG -UFPR)
Prof. Dr. Wolf-Dietrich Sahr (DGEOG -UFPR)
Prof. Iradj Roberto Eghrari (Instituto de Estudos sobre a Prosperidade Global)
Prof. Dr. Sylvio Fausto Gil Filho (DGEOG-UFPR) (coordenação)
Profª Drª Araci Asinelli da Luz (Educação - UFPR)
Prof. Dr. Euclides Machi (História - UFPR)
Prof. Dr. Feizi Milani (INPAZ)
Prof. Dr. Sergio Junqueira (Educação - coordenação PUC-PR)
Gilberto Palma (INSTITUTO ÁGORA)
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quarta-feira, maio 20, 2009

Religião e Comportamento

Pesquisa realizada por uma fundação Norte Americana chamada “Pew Forum”, conhecida por estudar a influência da religião na sociedade, mostra que 62% dos fiéis brasileiros não nasceram pentecostais. Aproximadamente 45% foram convertidos a partir do catolicismo.

O estudo da “Pew Forum”, divulgado no final do ano de 2006, denominou-se "Espírito e Poder-análise dos pentecostais de 10 países". (EUA, Brasil, Chile, Guatemala, Quênia, Nigéria, África do Sul, Índia, Filipinas e Coréia do Sul) o objetivo era saber como crêem e o que defendem os pentecostais em cada um desses lugares.

A pesquisa mostrou, por exemplo, que 73% dos pentecostais brasileiros acham que os líderes políticos devem ter fortes convicções religiosas e que 65% deles acreditam que grupos religiosos devem expressar suas convicções políticas. Ao todo, 83% dos pentecostais brasileiros acham que o país vive um declínio moral. Entre a população em geral os números caem, para os dois primeiro índices, a 57%. Para moral, vai a 79%.

Nos EUA, por sua vez, 87% dos pentecostais acham que seus líderes políticos devem comungar suas fortes convicções religiosas e 79% declararam que grupos religiosos devem ter influência política. Todos os números que têm alguma relação com uma agenda política são maiores que os dados brasileiros. Com uma exceção: o declínio moral, que é visto como grave problema por 62% dos fiéis dos EUA.

"Nos EUA, o pentecostalismo teve uma ligação muito forte com os movimentos negros. No Brasil, restou a batalha moral, porque o Estado sempre foi mais próximo dos católicos", diz Luiz Felipe Pondé, professor de teologia da PUC-SP.
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Para ter idéia do peso da moral na agenda pentecostal, a bancada de pastores na Câmara dos Deputados no Brasil caiu pela metade na eleição passada. Foi para 30 deputados devido ao envolvimento de pastores parlamentares em escândalos.
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A bandeira moral erguida pelos pentecostais brasileiros também está adaptada ao conjunto da população.

Entre os pentecostais dos países pesquisados pela “Pew Forum”, o Brasil é o segundo que mais tolera o divórcio: 37% dizem reprovar a separação de casais contra 15% do total da sociedade em geral. Nas Filipinas, o número sobe para 84% entre os pentecostais e para 70% no geral. Em compensação, o Brasil está entre os que mais reprovam o aborto: 91% dos pentecostais contra 79% ao todo. Nos EUA, esses dados caem para 64% e 45%, respectivamente.
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"O interessante da pesquisa é que mostra que a religião não é a única fonte de valores para as pessoas", afirma o sociólogo e professor titular aposentado da USP Reginaldo Prandi.

Apenas em um item abre-se um abismo entre os pentecostais e as outras pessoas: o fervor religioso. Entre os entrevistados pela “Pew Forum”, 86% dos pentecostais dizem que vão à igreja ao menos uma vez por semana. Na população como um todo, o dado cai para 38%. Quando o assunto é leitura da Bíblia, 51% dos pentecostais dizem ler o livro sagrado todo dia, contra 16% das demais pessoas.
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quinta-feira, maio 07, 2009

DIZER O TEMPO E A MEMÓRIA

O que é, por conseguinte, o tempo?: Se ninguém me perguntar, eu sei; se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não sei!



Refletir acerca do tempo e da memória representou momentos importantíssimos na filosofia de Agostinho (Tagaste, 354 – Hipona, 430), principalmente quando nos referimos ao tempo. Ao tratar da memória, Agostinho utilizou com bastante freqüência das metáforas do lugar e do espaço: “campos e vastos palácios”, “santuários infinitamente amplos”, são alguns exemplos destas metáforas. Apesar de fazer uso de um vocabulário rico, não conseguiu traduzir através de suas palavras o que, de fato, é a memória (a análise sobre a memória encontra-se no Livro X das confissões).

Com o tempo acontece o mesmo. A linguagem não dá conta de definir o tempo, ou seja, não conseguimos atingir o sentido da memória e do tempo, principalmente por sermos impedidos pelas categorias espaciais que utilizamos. Sobre isso, a professora Jeanne Marie, do Dep. De Filosofia da PUC SP, nos diz o seguinte: “é a nossa propensão, quase natural, de falar e de pensar no tempo em termos (em imagens, em conceitos) espaciais que nos impede de entender sua verdadeira natureza”[1].

Agostinho entende que existe outra maneira de pensar o tempo que não em termos espaciais, mas a partir da linguagem, da fala. “Pensar o tempo significa, portanto, a obrigação de pensar a linguagem que o diz e que nele se diz”, ou seja, segundo ele não se pode pensar um sem o outro, pois a linguagem articula o tempo, assim como o tempo articula a própria linguagem.
A memória e a linguagem são, portanto, de suma importância para Agostinho. Em sua tentativa de dizer o tempo, que ele não pensa apenas em termos cosmológicos, como medida de movimento, mas também como interioridade psíquica, “abrindo um novo campo de reflexão: o da temporalidade, da nossa condição específica de seres que não só nascem e morrem ‘no’ tempo, mas, sobretudo, que sabem, que têm consciência dessa sua condição temporal e mortal[2]”.

Para Agostinho a alma é a sede das capacidades humanas de compreensão, percepção, raciocínio, sentimento etc. de todas as potencialidades do espírito. Para ele a alma é a sede do tempo. É preciso para isso ter em mente que o tempo faz parte da criação: o tempo é criatura. Fora da criação existe somente a eternidade de Deus, que consiste na imutabilidade, na ausência de tempo. Desta forma, a eternidade não é tempo infinitamente prolongado, mas uma existência sem nenhum limite, ao contrário da existência humana que é uma distensão, cujas fronteiras são o nascimento e a morte. “É impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras[3].”


Mais sobre Agostinho de Hipona? – Acesse: http://www.vidaslusofonas.pt/santo_agostinho.htm

[1] GAGNEBIN, Marie J. Sete aulas sobre Linguagem, Memória e História. IV. Dizer o Tempo. Rio de Janeiro: Imago, 2005, 2ª Edição.
[2] Ibid, p. 68
[3] AGOSTINHO, Santo. Confissões. Tradução J. Oliveira Santos e Ambrósio de Pina. Coleção Os Pensadores, São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 327-328.

  • Excerto da matéria publicada na revista Filosofia (Edição nº 33 de 2009), onde o leitor poderá encontrar a integra do texto de autoria de Ranis Fonseca de Oliveira.

sexta-feira, maio 01, 2009

PRIMEIRO DE MAIO

Gravura mostra a repressão à greve em Chicago que originou o 1o de maio

O ato de trabalhar está presente na vida humana desde tempos primitivos. O homem das cavernas, por exemplo, precisava caçar para poder se alimentar e sobreviver. Assim, um de seus desafios diários era o de encontrar um animal e abatê-lo.


A vida foi evoluindo e a relação do homem com o trabalho também passou por suas modificações, mas, até hoje, homens e mulheres saem de suas casas, ou permanecem nelas para desenvolver várias atividades produtivas que garantam sua sobrevivência.


A palavra trabalho pode ter vários significados, mas em todos eles, a atividade, o fazer e a produtividade estão presentes. Estudar, fazer lição de casa, produzir um texto, uma pintura, costurar, cozinhar, construir uma ponte, tudo isso são formas de trabalhar.


Apesar de o trabalho ser uma necessidade básica da sobrevivência, em torno dele existem muitos conflitos, já que o pagamento feito a um trabalhador nem sempre é adequado ou justo. Pense no salário mínimo, aqui no Brasil, que tem um valor muito pequeno e não é suficiente para garantir uma vida digna a quem o recebe.


A data que comemora o Dia do Trabalho, a propósito, surgiu justamente de uma situação de conflito entre trabalhadores e patrões. Ela foi escolhida como homenagem a uma greve geral que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, centro industrial dos Estados Unidos. Neste dia, os trabalhadores revoltados com as condições desumanas de trabalho saíram às ruas para fazer suas reivindicações.


Exigiam, entre outras coisas, a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Houve muitos discursos, passeatas, e piquetes nessa data e a polícia acabou intervindo para reprimir duramente os trabalhadores. Houve prisões, feridos e até mortos no confronto entre policiais e operários.


Para lembrar e homenagear este dia de reivindicações, mortes, e lutas por melhores condições de vida para o trabalhador, um congresso socialista, realizado em Paris em 1889, instituiu o dia 1º de maio como o Dia Mundial do Trabalho.

*Carla Caruso é escritora, pesquisadora e realiza projetos de capacitação de professores no Estado de São Paulo (UOL: 01/05/2009)