quarta-feira, fevereiro 23, 2011

O espírito "messiânico" dos ditadores

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Entre as diferentes aberrações a que o ser humano está sujeito e que ele próprio pode cometer talvez a mais maléfica seja julgar-se melhor que os outros. Os ditadores se julgam melhor que o resto do mundo e por isso se permitem decidir o destino de milhões de pessoas.
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Ditadores podem ser encontrados em muitos lugares, eles aparecem à frente de governos, de escolas, de empresas, de grupos religiosos etc. A característica marcante desses personagens é se considerarem seres especiais, mais sábios, mais inteligentes, mais santos do que todos os que estão à sua volta. Estão absolutamente convencidos de que todos são inferiores a eles. Acreditam, de verdade, que foram revestidos de uma missão e que precisam cumpri-la a qualquer custo: conduzir outros seres humanos a um determinado destino e que, esse destino, será melhor para todos.
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Esse caráter messiânico¹ dá segurança aos ditadores e, em alguns casos, legitima seu poder aos olhos de seus comandados. Para Max Weber trata-se de um sentimento "carismático", semelhante à definição do "dom da graça" cristão. Os detentores do "carisma" possuem características sobrenaturais - liderança, oratória, comando - poderes que transcendem os dos mortais comuns, que reúnem à sua volta amplas camadas de seguidores.
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Parece que o momento pelo qual o mundo está passando, esses personagens ficaram mais expostos, ocupando as páginas dos jornais, dos noticiários de televisão. Felizmente, alguns já saíram de cena, outros estão na eminência de sair. Cabe-nos ficar atentos para que nossas instituições (governo, empresas, escolas, instituições religiosas etc) não admitam o surgimento e a instalação de qualquer atitude semelhante.
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¹ O messianismo implica na vinda ou no retorno de um ser enviado por uma divindade que virá libertar a humanidade. O termo "messias" vem do Hebraico "mashiah" e do Grego "christós". Ele é uma entidade com poderes e tarefas que deve mobilizar a favor de um grupo ou de um povo subjugado. Em um sentido mais amplo, a expressão é utilizada também para se referir a alguém investido de uma missão sagrada.