sábado, abril 30, 2011

CONVERGÊNCIAS ENTRE NIETZSCHE E ESPINOZA




De acordo com André Martins, Professor associado da UFRJ, onde leciona nos departamentos de Filosofia e Medicina Preventiva, os grandes filósofos Nietzsche e Espinoza não tiveram em comum apenas a incompreensão ou mesmo a imagem de "malditos", ele destaca aspectos que aproximam os dois filósofos. Esses aspectos, segundo ele é exatamente o que está na origem do fato de eles terem sido incompreendidos e considerados malditos. As filosofias de um e de outro têm pontos comuns que sempre foram polêmicos e pouco aceitos. Mas é o próprio Nietzsche quem dá ao Professor Martins, diretrizes para discorrer sobre os aspectos dessa aproximação quando, em um cartão postal que escreveu a um amigo, cita cinco pontos capitais de convergência, além da tendência geral de sua filosofia.


De acordo com o escrito de Nietzsche o primeiro ponto seria o reconhecimento por ambos da não existência do livre arbitrio; a não existência do mal - e subentende-se, portanto, que não existe também o bem; a não existência de causas finais, ou seja, de que algo existe no mundo porque tem uma finalidade - por exemplo: Deus criou a fruta para alimentar o homem, ou uma dificuldade para que o homem aprenda a superá-la; a não existência do desinteresse - não existe desinteresse, existem ações interessadas interesseiras e ações interessadas não interesseiras mas sempre existe o interesse e, por fim, o quinto ponto é a negação da ordem moral do mundo; Nietzsche e Espinoza negaram a existencia de um sentido moral intrinseco às próprias coisas, aos acontecimentos, às existência.


Para o Professor André Martins, Nietzsche foi muito feliz em perceber que esses cinco pontos, que seriam no seu entender, os pilares da tradição filosófica de toda a história da Filosofia, em particular da Modernidade e do Humanismo, são falhos, não existem, são ficções. Nietzsche foi muito preciso em ver que Espinoza já denunciava esses pontos na aurora da Modernidade.

Tanto Espinoza, no Século XVII, quando Nietzsche, no Século XIX, tentam mostrar que um verdade formal não existe. Segundo eles, nós só existimos no mundo sensível, na realidade, então a verdade consiste em conhecer uma verdade que seja formalmente impassível ou imutável. Esse é o grande ponto em comum entre eles, a tendência geral da filosofia dos dois que os distingue de toda a história da Filosofia.


Entrevista completa com o Professor André Martins, acesse: http://migre.me/4p8c7