quarta-feira, novembro 30, 2011

Cultura como Produto


De acordo com Jean Baudrillard (1995, p.18), o consumo não se caracteriza apenas pela venda de produtos, mas também a venda de “matéria cinzenta”: a cultura como produto é o que nos leva a sermos a sociedade de consumo.

Chegamos ao ponto em que o consumo invade toda a vida, em que todas as atividades se encadeiam do mesmo modo combinatório, em que o canal das satisfações se encontra previamente traçado, hora a hora, em que o envolvimento é total, inteiramente climatizado, organizado, culturalizado. (BAUDRILLARD, 1995, p.19)

Devemos entender, portanto, que na atualidade, o fenômeno do consumo transcende o ato da mera aquisição do necessário e justificável, para tornar-se o “clímax” da vida humana. O SER se transforma no TER e a “climatização geral da vida” é o acontecimento do consumo, do consumir. Ainda de acordo com Baudrillard (1995), os homens da riqueza acabam por, não mais serem rodeados de outros homens, mas sim, serem rodeados por objetos que os definem como homens da opulência.

Jameson (1996) caracterizou o pós-modernismo não como um estilo, que simplesmente marca a arquitetura ou as artes, mas afirma tratar-se sim de uma dominante cultural. Desta forma a sociedade de consumo, da qual fala Jameson (1996), é a própria sociedade das mídias e da informação, que não identifica mais a fronteira entre a alta cultura e a cultura de massa.

Numa transformação inédita e espetacular daquilo que não era produto para o que hoje é totalmente vendável, a sociedade de consumo, referida por Jameson (1996), se posta como um resultado da globalização, que por sua vez é a conseqüência de um boom da produção em massa da sociedade industrial. Aquilo que por hora se passava como um elemento da sociedade sem vínculo lucrativo, como as identidades culturais, hoje estão em qualquer mercado popular ou shopping center à venda, como um simples tomate de feira ou com o valor de um vinho do porto.

segunda-feira, novembro 14, 2011

As Filosofias da Existência



Nas primeira décadas do século XX, o mundo estava em crise.

A filosofia também.

A esperança de um mundo mais livre e mais justo não se concretizara, trazendo a descrença na política e na ideia de história como progresso.

Freud explora o inconsciente. Diversos pensadores passam a questionar o sentido da vida humana.

Explodem as guerras, a barbárie fascista, a revolução sexual, o anseio de liberdade dos povos oprimidos. A força dos fatos históricos é, enfim, grande demais para ser ignorada.

Atenta às complexidades do mundo, a filosofia incorpora as discussões sociais, éticas e existenciais do período.

Sem Deus para lhe dizer como agir, e repelindo a voz ditatorial do Estado totalitário, o homem contemporâneo sente toda a solidão de, por conta própria, construir seu próprio destino.

Vivencia, assim, um sentimento de angustia, vazio e desemparo. E parte em busca de sentido da existência, o que marcaria profundamente essa nossa época de ansiedade, o século XX.

Iniciado o século XXI, parece que nada mudou, ou estou enganado?