sábado, maio 26, 2012

O existencialismo é um humanismo



Ao concebermos um Deus criador, identificamo-lo, na maioria das vezes, com um artífice superior, e, qualquer que seja a doutrina que considerarmos - quer se trate de uma doutrina como a de Descartes ou como a de Leibniz -, admitimos sempre que a vontade segue mais ou menos o entendimento ou, no mínimo, que o acompanha, e que Deus, quando cria, sabe precisamente o que está criando. Assim, o conceito de homem, no espírito de Deus, é assimilável ao conceito de corta-papel, no espírito do industrial; e Deus produz o homem segundo determinadas técnicas e em função de determinada concepção, exatamente como o artífice fabrica um corta-papel segundo uma definição e uma técnica. Desse modo, o homem individualmente materializa certo conceito que existe na inteligência divina. No século XVIII, o ateísmo dos filósofos elimina a noção de Deus, porém não suprime a idéia de que a essência precede a existência.


O homem possui uma natureza humana; essa natureza, que é conceito humano, pode ser encontrada em todos os homens, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal: o homem.



O existencialismo ateu... Afirma que, se Deus não existe, há pelo menos um ser no qual a existência precede a essência, um ser que existe antes de poder ser definido por qualquer conceito: este ser é o homem, ou, como diz Heidegger, a realidade humana. O que significa, aqui, dizer que a existência precede a essência? Significa que, em primeira instância, o homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define.



O homem, tal como o existencialista o concebe, só não é passível de uma definição porque, de início, não é nada: só posteriormente será alguma coisa e será aquilo que ele fizer si mesmo. Assim, não existe natureza humana, já que não existe um Deus para concebê-la. O homem é tão somente, não apenas como ele se concebe, mas também como ele se quer; como ele se concebe após a existência, como ele se quer após esse impulso para a existência. O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo: é esse o primeiro princípio do existencialismo. É também a isso que chamamos de subjetividade: a subjetividade de que nos acusam. Porém, nada mais queremos dizer senão que a dignidade do homem é maior do que a da pedra ou mesmo a da mesa. Pois queremos dizer que o homem, antes de mais nada existe, ou seja, o homem é, antes de mais nada, aquilo que se projeta num futuro, e que tem consciência de estar se projetando no futuro. De início, o homem é um projeto que se vive a si mesmo subjetivamente ao invés de musgo, podridão ou couve-flor; nada existe antes desse projeto; não há nenhuma inteligibilidade no céu, e o homem será apenas o que ele projetou ser.



SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. Traduções de Rita Correa Guedes, Luiz Roberto Salinas Fortes, Bento Prado Júnior. São Paulo: Abril Cultural, 1984 (Os pensadores) 

quinta-feira, maio 03, 2012

Novo Padrão de Consumo




Gilles Lipovetsky respondendo a pergunta: "Quais seriam os principais objetos de desejo nesse novo padrão de consumo?" formulada pela revista Veja no ano de 2002,  Responde que em um primeiro momento, este chamado "novo padrão de consumo", estaria exigindo objetos como a comunicação, através de suas novas e modernas ferramentas, como por exemplo o computador, o acesso à internet (com velocidades vez maiores), telefones celulares (cada vez com mais funções) etc. Atualmente, o bem-estar está associado à mobilidade, ao acesso à informação e à rapidez. O que seduz na comunicação passa, cada vez mais, por tudo que acelera as coisas, pela possibilidade de estar conectado com o externo, com os outros. Em outro grupo, estão os objetos de sedução ligados ao corpo e à saúde. Existe uma verdadeira obsessão pela saúde e tudo que contribui para nos tornar mais jovem e em forma. Uma alimentação mais saudável exerce uma sedução muito forte nos consumidores. É um novo padrão, em que a saúde e a segurança ocupam lugar de destaque. Um forte argumento de venda de carros de luxo, por exemplo, são os sistemas de proteção ao corpo, como o air bag e os mecanismos contra roubo.

Mais sobre "novo padrão de consumo"? visite: http://www.vendas-diretas.blogspot.com