De acordo com Jean Baudrillard (1995, p.18), o consumo não se caracteriza apenas pela venda de produtos, mas também a venda de “matéria cinzenta”: a cultura como produto é o que nos leva a sermos a sociedade de consumo.
Chegamos ao ponto em que o consumo invade toda a vida, em que todas as atividades se encadeiam do mesmo modo combinatório, em que o canal das satisfações se encontra previamente traçado, hora a hora, em que o envolvimento é total, inteiramente climatizado, organizado, culturalizado. (BAUDRILLARD, 1995, p.19)
Devemos entender, portanto, que na atualidade, o fenômeno do consumo transcende o ato da mera aquisição do necessário e justificável, para tornar-se o “clímax” da vida humana. O SER se transforma no TER e a “climatização geral da vida” é o acontecimento do consumo, do consumir. Ainda de acordo com Baudrillard (1995), os homens da riqueza acabam por, não mais serem rodeados de outros homens, mas sim, serem rodeados por objetos que os definem como homens da opulência.
Jameson (1996) caracterizou o pós-modernismo não como um estilo, que simplesmente marca a arquitetura ou as artes, mas afirma tratar-se sim de uma dominante cultural. Desta forma a sociedade de consumo, da qual fala Jameson (1996), é a própria sociedade das mídias e da informação, que não identifica mais a fronteira entre a alta cultura e a cultura de massa.
Numa transformação inédita e espetacular daquilo que não era produto para o que hoje é totalmente vendável, a sociedade de consumo, referida por Jameson (1996), se posta como um resultado da globalização, que por sua vez é a conseqüência de um boom da produção em massa da sociedade industrial. Aquilo que por hora se passava como um elemento da sociedade sem vínculo lucrativo, como as identidades culturais, hoje estão em qualquer mercado popular ou shopping center à venda, como um simples tomate de feira ou com o valor de um vinho do porto.




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De acordo com André Martins, Professor associado da UFRJ, onde leciona nos departamentos de Filosofia e Medicina Preventiva, os grandes filósofos Nietzsche e Espinoza não tiveram em comum apenas a incompreensão ou mesmo a imagem de "malditos", ele destaca aspectos que aproximam os dois filósofos. Esses aspectos, segundo ele é exatamente o que está na origem do fato de eles terem sido incompreendidos e considerados malditos. As filosofias de um e de outro têm pontos comuns que sempre foram polêmicos e pouco aceitos. Mas é o próprio Nietzsche quem dá ao Professor Martins, diretrizes para discorrer sobre os aspectos dessa aproximação quando, em um cartão postal que escreveu a um amigo, cita cinco pontos capitais de convergência, além da tendência geral de sua filosofia.