sábado, junho 30, 2012

O CONCEITO DE DEUS EM SPINOZA



O Deus de Spinoza é a substância única, ou, por outras palavras, aquilo além do que nada pode existir nem ser concebido. Essa definição afirma Deus como a totalidade do ser, mas o ser, a Natureza, não corresponde a um horizonte sem limites estendido sobre a eternidade: o ser é as coisas que são. Começar pelo absoluto, isto é, pelo que não se determina por nenhuma relação ou diferença singular, é o mesmo que começar pelo nada. 


Hegel objetará que o vazio da filosofia de Spinoza está na idéia de uma substância que, apreendida sem mediação dialética anterior, é apenas o abismo informe que engolfa todas as coisas. A tese de Althusser, porém, vai em outra direção: o Deus de Spinoza não é diferente da Natureza, “ele é unicamente Natureza”. Deus não pode ser um ponto de partida, uma vez que não existe como objeto determinado ou cuja definição envolva uma relação. 


Começar por Deus significa começar de qualquer lugar, nunca de um início. Spinoza não se reporta a uma origem ou sentido, não edifica sua ontologia sob a sombra imensa de um Criador dotado de inteligência e vontade: o ser é a produção do ser, a eterna constituição de sua atualidade. 

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