quarta-feira, maio 20, 2009

Religião e Comportamento

Pesquisa realizada por uma fundação Norte Americana chamada “Pew Forum”, conhecida por estudar a influência da religião na sociedade, mostra que 62% dos fiéis brasileiros não nasceram pentecostais. Aproximadamente 45% foram convertidos a partir do catolicismo.

O estudo da “Pew Forum”, divulgado no final do ano de 2006, denominou-se "Espírito e Poder-análise dos pentecostais de 10 países". (EUA, Brasil, Chile, Guatemala, Quênia, Nigéria, África do Sul, Índia, Filipinas e Coréia do Sul) o objetivo era saber como crêem e o que defendem os pentecostais em cada um desses lugares.

A pesquisa mostrou, por exemplo, que 73% dos pentecostais brasileiros acham que os líderes políticos devem ter fortes convicções religiosas e que 65% deles acreditam que grupos religiosos devem expressar suas convicções políticas. Ao todo, 83% dos pentecostais brasileiros acham que o país vive um declínio moral. Entre a população em geral os números caem, para os dois primeiro índices, a 57%. Para moral, vai a 79%.

Nos EUA, por sua vez, 87% dos pentecostais acham que seus líderes políticos devem comungar suas fortes convicções religiosas e 79% declararam que grupos religiosos devem ter influência política. Todos os números que têm alguma relação com uma agenda política são maiores que os dados brasileiros. Com uma exceção: o declínio moral, que é visto como grave problema por 62% dos fiéis dos EUA.

"Nos EUA, o pentecostalismo teve uma ligação muito forte com os movimentos negros. No Brasil, restou a batalha moral, porque o Estado sempre foi mais próximo dos católicos", diz Luiz Felipe Pondé, professor de teologia da PUC-SP.
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Para ter idéia do peso da moral na agenda pentecostal, a bancada de pastores na Câmara dos Deputados no Brasil caiu pela metade na eleição passada. Foi para 30 deputados devido ao envolvimento de pastores parlamentares em escândalos.
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A bandeira moral erguida pelos pentecostais brasileiros também está adaptada ao conjunto da população.

Entre os pentecostais dos países pesquisados pela “Pew Forum”, o Brasil é o segundo que mais tolera o divórcio: 37% dizem reprovar a separação de casais contra 15% do total da sociedade em geral. Nas Filipinas, o número sobe para 84% entre os pentecostais e para 70% no geral. Em compensação, o Brasil está entre os que mais reprovam o aborto: 91% dos pentecostais contra 79% ao todo. Nos EUA, esses dados caem para 64% e 45%, respectivamente.
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"O interessante da pesquisa é que mostra que a religião não é a única fonte de valores para as pessoas", afirma o sociólogo e professor titular aposentado da USP Reginaldo Prandi.

Apenas em um item abre-se um abismo entre os pentecostais e as outras pessoas: o fervor religioso. Entre os entrevistados pela “Pew Forum”, 86% dos pentecostais dizem que vão à igreja ao menos uma vez por semana. Na população como um todo, o dado cai para 38%. Quando o assunto é leitura da Bíblia, 51% dos pentecostais dizem ler o livro sagrado todo dia, contra 16% das demais pessoas.
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