domingo, setembro 16, 2012

TRÂNSITO RELIGIOSO


Houve tempo em que a mudança de religião representava uma ruptura cultural. Além de ruptura com a própria biografia, com adesão a novos valores, mudança de visão de mundo, adoção de novos modelos de conduta etc. a conversão era um drama, pessoal e familiar, representava uma mudança drástica de vida. Mas, o que significa hoje mudar de religião? Quando a religião parece não comover mais ninguém? Quando mudar de religião é encarado como se um direito líquido e certo de seres que já estão transformados (e são considerados) numa espécie de consumidor, consumidores religiosos, como estão sendo chamados esses "conversos"?

A resposta vem de Antonio Flávio Pierucci e Reginaldo Prandi, dois dos mais destacados estudiosos e observadores dos fenômenos religiosos no Brasil. 

"Certamento o drama não é tão profundo (Pierucci e Prandi, 1996 e Prandi, 2001b)."

Segundo observações e estudos aprofundados destes dois ícones acadêmicos brasileiros, as mais díspares religiões, surgem nas biografias dos adeptos como alternativas que se pode pôr de lado facilmente, que se pode abandonar a uma primeira experiência de insatisfação ou desafeto, a uma mínima decepção. São inesgotáveis as possibilidades de opção, intensa a competição entre elas, fraca sua capacidade de dar a última palavra. A religião de hoje é a religião da mudança rápida, da lealdade pequena, do compromisso descartável.

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