Segundo Peter Berger, a religião passa por
uma crise das suas estruturas de plausibilidade, isto é, com o fim da
metafísica, da escatologia e o advento da modernidade, foi tirada da religião a
função de sustentar e explicar a realidade.
A crise da religião é um dos efeitos claros
da secularização, "o processo pelo
qual setores da sociedade e da cultura são subtraídos à dominação das
instituições e símbolos religiosos". Com o fim da função da religião
como ordenadora do cosmos, entramos numa situação de pluralismo onde todas as instituições podem explicar e fundamentar a
realidade.
O pluralismo é uma situação objetiva, real,
de algo que já aconteceu dentro do indivíduo, em sua consciência. Neste sentido
a adesão à religião passa a ser voluntária, dependendo da escolha e da
preferência do indivíduo e, por isso, é uma religião limitada à vida privada
sem, com isso, desempenhar a tarefa anteriormente clássica de "construir um mundo comum no âmbito do qual
toda vida social recebe um significado último que obriga a todos".
Para conseguir a adesão de fiéis-clientes, a
religião tem agora que usar da lógica da economia de mercado, pois o pluralismo
é uma situação de mercado. As tradições religiosas podem ou não ser assumidas
como comodidades de consumo. Além disso, as tradições religiosas têm que
disputar a "definição da realidade
com rivais socialmente poderosos e legalmente tolerados".
Na situação de pluralismo as tradições
religiosas são agências de mercado, elas sofrem uma pressão por resultados que
provoca a racionalização das estruturas criando assim as suas burocracias. A
burocracia se expande para as relações sociais internas (administração) e as
relações sociais externas (instituições religiosas com instituições sociais) Ou
seja, todas as relações sociais são burocratizadas para minimizar gastos
(tempo, dinheiro) e maximizar os resultados, para poder se relacionar com a
sociedade, o Estado e outras instituições e para executar métodos de trabalhos
conjuntos.
A montagem dessa administração religiosa
exige formação e seleção de pessoal adequado, hábil, tanto funcional quanto
psicologicamente. Isso faz com que as diferenças entre as diversas tradições
religiosas sejam diminuídas. A liderança religiosa burocrática é semelhante ao
burocrata de outras instituições: "ativista,
pragmático, alheio a qualquer reflexão administrativamente irrelevante, hábil
nas relações interpessoais, ‘dinâmico’ e conservador ao mesmo tempo".
Bibliografia
BERGER, Peter L. O Dossel Sagrado: elementos para uma teoria sociológica da religião: Paulus, 1985
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